sexta-feira, 22 de maio de 2015

"Eu tento deixá-las para amanhã,
mas as palavras se aquietam
e exigem que eu as ponha no papel
sem demora."

(Laíra Alves, maio de 2015)
"Elo entre o poeta e sua musa
a poesia escorre a tinta

e dança suave neste papel 
que era antes vazio."

(Laíra Alves, maio de 2015)

segunda-feira, 18 de maio de 2015

"Não precisa ser homem, basta ser humano, 
basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém,
ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."


(Vinícius de Moraes)

"Haverá paraíso
sem perder o juízo e sem morrer?
Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de nós?"

(Arnaldo Antunes)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

"Aquele teu abraço
acarinhou todo o pranto,
aconchegou meu peito
que antes era breu.
Lhe redescobri no brilho dos teus olhos
quando eles vieram de encontro a mim.
Nosso reencontro foi um convite ao mar dos desejos.
Lhe quis naquele instante
e hoje lhe quero mais que ontem, ainda sem saber se o amanhã nos caberá."

(Laíra Alves, maio de 2015)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

"Escrevo aos pierrots sem colombinas,
aos sedentos de calor,
aos poetas sem futuro,
aos que choram ao telefone e frente às cartas amareladas pela saudade,
aos bêbados de amor
e aos equilibristas do mundo.
Recebam meus versos como a um afago.
Eles nada valem,
mas lhes oferto ainda assim."

(Laíra Alves, 2014)


quarta-feira, 13 de maio de 2015

"E de lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor"

(Paulinho Moska)
"Ocupo muito de mim com meu desconhecer.
Sou um sujeito letrado em dicionários
A fim de desconhecer a minha ignorância
Mas ela só acrescenta."

(Manoel de Barros)
"Minha alma dança uma valsa triste.
Sinto lágrimas brotarem destes meus olhos grandes.
Tenho medo do fim enquanto vejo o teu adeus desta dança,
bordada pelas imagens de saudade da tua irmã.
Pra onde foram os teus sonhos?
Terão saudade de mim quando for lhe encontrar?
Me ofertarão flores?
Me escreverão cartas, mesmo quando não poderei mais respondê-las?
Me interrompem por futilidades 
e acabo percebendo que os minutos são raros demais pra nós, querida.
Perdoe-me pela espera.
Preferiria estar contigo,
ouvindo de ti histórias bonitas sobre as tuas vidas em outros corpos e em outras épocas,
também na companhia de um vinho bom.
Sei que não virá.
 
Não me iludo.
E não esperarei como a Godot.
Os relógios bêbados e tortos ainda me dão medo.
Temo terminar como você ou como a outra Flor, bela.
Paro mais uma vez, mas agora porque os pensamentos Nele me invadem.
Penso nos desejos febris,
na saudade do que não foi,
nos beijos doces que roubou
e em nosso efêmero querer.
Não lhe esquecerei,
nem poderei também me esquecer daquela terça-feira de setembro que passei ao lado dele.
Há beleza na dor.
Tua irmã nos deu toda a saudade que sentia de ti.
Darei a ele, talvez, algumas memórias para tecer um novo poema."

(Laíra Alves, novembro de 2014)

(Para Maria Flor)

"Em meus braços carrego esta delicada flor
e em silêncio contemplo teu sono.
Imagino que agora encontra o príncipe pequenino
e dele ouve histórias sobre rosas, baobás, raposas encantadoras e planetas distantes.
Tuas pétalas trazem a pureza de Exupéry,
mas há em ti a força de Florbela Espanca que carregas no nome.
Com tal força enfrentará futuros invernos
e assim verás lagartas solitárias que se transformarão em belas borboletas.
És uma flor de ternura e amor.
És poesia em flor."

(Abril de 2015)


terça-feira, 12 de maio de 2015

"Ontem estive em Nova York.
Era cinza e 4 de abril de 2036.
Dialoguei longamente com o silêncio.
Estava imerso nas profundezas de minha alma, e nada encontrava, além da devastadora ausência que corroía e dilacerava o contar dos relógios, e o grito silencioso dos devaneios.
Onde estão todos? Para onde foram?
Quais suas histórias e anseios?
O caos, alastrado pelas ruas da cidade, traz os ratos para alimento de meu estômago vazio e do meu sádico prazer.
Só encontro a beleza em minha alma quando meu pensamento é tomado pela ilusão das imagens da poesia do nosso fazer amor nas madrugadas,
das flores de sutileza em campos de ternura, em meio ao teu olhar
e a feitura das cantigas de ninar
O mais é nada.
É breu.
É nuvem chuvosa que deságua na solidão,
em mim,
em mil eus,
loucos
e febris.
Tudo o que tenho é a ausência."

(Laíra Alves, abril de 2014)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Flor bela que me espanca...

"Flor bela que me espanca não pode ser poema.
De Florbela Espanca é a flor que me seduz e me esbofeteia.
O que sinto quando nasce o sol é viver sem teu amor.
Esperarei o sol se Portugal me achar bela com o meu amor em chamas.
Por meu amor eu grito e eu morro e a cinza que restar será de amor e fogo.
Florbela que me espanca é tarde e a noite vem com olhos de oceano e peito ardendo em chamas, memórias e solidão.
Sou sua amada. Tens alma irmã, não posso amar-te.
Sou teu amado. Tens alma irmã, não posso amar-te.
Vida, vida..."

(Ivan Antonio)