"Ontem estive em Nova York.
Era cinza e 4 de abril de 2036.
Dialoguei longamente com o silêncio.
Estava imerso nas profundezas de minha alma, e nada encontrava, além da devastadora ausência que corroía e dilacerava o contar dos relógios, e o grito silencioso dos devaneios.
Onde estão todos? Para onde foram?
Quais suas histórias e anseios?
O caos, alastrado pelas ruas da cidade, traz os ratos para alimento de meu estômago vazio e do meu sádico prazer.
Só encontro a beleza em minha alma quando meu pensamento é tomado pela ilusão das imagens da poesia do nosso fazer amor nas madrugadas,
das flores de sutileza em campos de ternura, em meio ao teu olhar
e a feitura das cantigas de ninar
O mais é nada.
É breu.
É nuvem chuvosa que deságua na solidão,
em mim,
em mil eus,
loucos
e febris.
Tudo o que tenho é a ausência."
(Laíra Alves, abril de 2014)
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